quinta-feira, 16 de abril de 2009

A viagem, primeiro dia em Roma e impressões iniciais

Peço desculpas a quem veio até aqui nesses últimos dias e não encontrou post nenhum. Mas deixo claro que a culpa nao foi totalmente minha. Neste momento eu mal consigo ficar de pé. Caminhar até uma lan house, entao, é uma tarefa quase impossivel.
Bom, vou explicar usando um exemplo prático: pegue uma pessoa totalmente sedentaria, deixe-a sem dormir por 40 horas e depois faça com que ela ande cerca de 150km em cinco dias. Ah, não podemos esquecer também do tênis assassino, capaz de criar bolhas enormes nos pés. Pronto. Dessa mistura sairá um ser humano totalmente destroçado. E foi exatamente o que aconteceu comigo. Exigi do meu velho corpo umas 10x mais do que ele poderia suportar e agora veio a cobrança.
Mas tudo bem... O fato do meu pé esquerdo quase explodir de dor toda vez que eu o coloco no chão não vai me impedir de continuar andando. Mesmo pq valeu a pena.
Ah, não liguem se faltar acentos e desculpem pelo post longo. Mas tenho crédito pq é apenas o primeiro certo?

PRIMEIRAS IMPRESSOES

Roma é maluca. Totalmente maluca. Tem o trânsito mais caótico que já vi na vida. Eu não teria a menor condição de dirigir nesse covil de doidos. O povo acha mais fácil apertar a buzina que pisar no freio. Sinceramente não sei como não presenciei nenhuma batida, pq parecia que o tempo todo elas estavam na iminência de acontecer.
E se a vida do motorista é tão dificil, o mesmo não pode se dizer sobre a vida do pedestre. Basta por o pé na rua para que automaticamente os carros parem pra você atravessar. Parece mágica.

É extremamente dificil se acostumar com isso. Cheguei a ficar um tempão esperando a oportunidade de atravessar e sempre aparecia um italiano que simplesmente se jogava na frente dos carros sem nem olhar pros lados e atravessava calmamente enquanto os veiculos esperavam. Isso mesmo. Eu disse calmamente. Nada de pressa ou medo de tomar buzinada. Aliás, se vc estiver em Roma e ver alguem correndo pra atravessar a rua pode ter certeza de que é estrangeiro. É batata.


Povo atravessando calmamente a rua. Os carros que esperem.



Mas o que mais me chamou a atenção aqui foi o fato das pizzas serem individuais. É a coisa mais genial que já vi na vida. Por exemplo: no Brasil, se você vai a uma pizzaria com mais três pessoas, provavelmente vai pedir uma pizza e cada um come dois pedaços, certo? Na Itália, não. Aqui cada um come uma pizza inteira. É o fim das brigas na hora de escolher o sabor. Eu, por exemplo, adoro aquelas pizzas que ninguem gosta, como pizza de alho, pizzas com bacon, cheias de cebola e outras bizarrices. Mas claro que nunca me deixam pedir essas e eu tenho que me resignar para que possa haver consenso. É sempre assim, pra pedir uma pizza que agrade a todos do grupo (ou que não desagrade ninguem), quase sempre é necessário optar por um sabor mais sem graça, como aquelas que só tem queijo, e assim não magoar o paladar de ninguém. Na Itália não existe esse problema. Cada um pede sua própria pizza e todos são livres pra gostar da pizza bizarra que quiser. É sensacional.



Nunca mais houve brigas entre este casal depois que cada um passou a comer sua própria pizza


Uma pizza de quatro queijos só pra mim. Deixei as bizarrices pra mais tarde.



Agora chega de devaneios. Vou contar as coisas que fiz e vi nos últimos dias.

DIAS 0 e 1 - SP-Roma

Graças a uma combinação totalmente esdruxula de voos e conexões, cheguei a Roma exatamente 30 horas depois de decolar do Brasil. 30 horas nas quais não consegui dormir nem por um segundo (um pouco por causa da ansiedade. Sempre custo a dormir na véspera de eventos importantes. Mas a poltrona terrível do avião tb ajudou bastante). A primeira conexão foi em houston, nos EUA, onde tive que enfrentar meu primeiro agente de imigração da viagem. Aliás, confesso que estava um pouco receoso quanto à imigração. As diversas histórias de gente sendo barrada me deixaram um pouco melindrado. Mas na Itália o fulano nem disse 'oi'. Aliás, nem na minha cara ele olhou. Pegou meu passaporte, procurou uma folha livre, carimbou, me devolveu e olhou pra fila esperando pelo proximo. Nos EUA a coisa não estava tão simples assim. Os caras ficavam em média cinco minutos com cada pessoa e sempre pediam vários documentos. Cheguei a ver uma moça sair acompanhada por um guarda até a salinha terrivel. Quando chegou minha vez já fui com as passagens na mão. Antes que eu pudesse falar alguma coisa ele olhou bem pra minha cara e disse 'hi'
- 'hi', respondi
- 'onde vais?' (pronto, tecla SAP ligada)
- 'estou em trânsito, tenho um voo de conexão pra Roma', respondi já mostrando as passagens
-'seu voo é direto?'
-'não', respondi enquanto ele lia nas passagens que ainda haveria outra conexão em NY.
O papel que eles dão pergunta se vc esta levando comida. Pus la que sim e ele tb perguntou o que era. 'bolachas', respondi. Sorte que eles não quiseram verificar, pq eu tb estava levando miojo e tinha esquecido de declarar. Mas foi melhor assim. Nao sei como se diz 'miojo' em ingles :p
O cara me deu permissao pra ficar seis meses nos EUA. Quanto desperdicio... Eu só ia ficar seis horas. E se eu soubesse que seria tão fácil assim, não teria me preocupado a toa.
Depois de passar pela imigração fui esperar o voo. Mas eu ainda tinha que experimentar mais da paranoia norte americana.
A cada cinco minutos alguem informava pelo alto falante que a Homeland Security tinha elevado o nivel de alerta pra 'orange', o segundo mais alto. Esse nivel foi usado pouquissima vezes e significa que um ataque terrorista pode acontecer nos proximos segundos. A voz tambem mandava denunciar quaquer comportamento suspeito.
Deixei minha câmera preparada pra fotografar o atentado e ganhar um Premio Pulitzer póstumo quando achassem mnha maquina em meio aos escombros, mas nao aconteceu nada.

Tudo tranquilo com os outros voos. Por volta das 6:30 o piloto anunciou que em breve estariamos pousando em Roma. Esse tipo de anúncio, aliás, sempre dá aquela sensação gostosa de expectativa quando estamos chegando em um lugar pela primeira vez. Pousamos as 7:30 e peguei o trem que leva à cidade. Quando desci percebi que tinha cometido meu primeiro erro. A mochila estava terrivelmente pesada. Se eu não havia percebido isso em SP, tinha ficado claro agora que eu estava cansado e teria que andar até o albergue.
Aliás, um adendo: Eu tinha lido horrores sobre a regiao em que fica o albergue. Cheguei la imaginando encontrar a filial da cracolandia. Sim, é bem decrépito, mas nada que um frequentador do centro de SP nao esteja acostumado. O hotel era mais feio ainda, mas a unica coisa que importava pra mim era me livrar logo da mochila.


O albergue: coisa fina

Deixei a mochila e dei inicio àquele que seria meu segundo erro: caminhar por 12 horas seguidas. Erro que eu viria a repetir nos dias seguintes.

O COLISEU

O Coliseu fica a uns 10min a pé do hotel. E estava lotado. A fila era terrivelmente imensa e assustadora.


A fila terrível


Teoricamente eu deveria estar tranquilo, porque eu tinha comprado meu ingresso antecipadamente pela internet e nao precisaria pegar fila. Digo teoricamente pq deu pau na hora de imprimir o ingresso. Só consegui imprimir o email de confirmacao, o que nao valia nada. Eu precisava estar com o ingresso impresso.
Mas nao desisti, fui até a moça e falei: ô, moça, me ajuda!
-'parla italiano?', disse ela
Respondi que não. Percebi que ela nao falava ingles. Entreguei meu email de confirmacao impresso, ela examinou e me mostrou a parte onde estava escrito, em italiano, que o ingresso deveria ser impresso em casa. Neste momento utilizei toda minha habildade em artes cenicas e coloquei em meu rosto uma expressao que dizia o seguinte: 'olha, moça, nao entendi nada do que voce disse, mas vou ficar aqui enchendo o saco ate vc me dar um ingresso'. Acho que ela entendeu o recado, pq foi la pra dentro e cinco minutos depois voltou com ele na mão.


Eu e o coliseu


Coliseu visto de dentro, com as galerias que ficavam sob o "palco"



Depois do coliseu, fui ate o Foro Romano, lugar onde habitam as ruinas da sede do império que um dia governou o mundo. A visita termina no carcere mamertino, prisão onde, segundo a tradição, Paulo e Pedro ficaram presos.

Carcere mamertino.
Um Arco romano. Sabe-se lá quantos milhares de anos esse troço tem.

Ruínas, ruínas e ruínasMais ruínas


Depois fui caminhar pelos principais pontos turisticos. Fui na Piazza Venezia, Piazza Navona e vários outros. Fui tambem na sorveteria que o Alencar e a Denise me inidicaram. Mas nao tomei sorvete pq nao entendi nada. O povo teoricamente estava com fichas, que ao serem entregues ao atendendente milagrosamente materializavam sorvetes com dezenas de bolas e coberturas. Mas ainda vou voltar lá. Se alguem que lê isso tem contato com eles por favor pede pra me explicarem como funciona. Ah, antes que eu me esqueça, anta é a vovozinha :p

A Piazza Venezia

Piazza Navona



Antes de encerrar o dia eu tinha que ir até a catedral de São João Latrão. Para quem não sabe, uma catedral é o assento do bispo. E a catedral de São João Latrão, especificamente, é a catedral do bispo de Roma, ou seja, o papa. Em outras palavras é a igreja mais importante do catolicismo, hierarquicamente falando. Mais até que a Basilica de S. Pedro. Por isso Latrão é chamada de 'a mãe de todas as igrejas'.
Bom, fui lá com o proposito de ver a tradicional missa da quinta-feira santa que o papa celebra todos os anos.
Cheguei em cima da hora sem saber bem onde estava chegando. Vejo uma multidao posta em fila ao lado de uma barreira de contenção e penso se tratar da fila pra entrar. Quando estou me aproximando, aquele povo todo começa a aplaudir. Olho pro lado e avisto varios batedores escoltando um carro preto com a bandeira do Vaticano. Da janela semi-aberta um velhinho acena pra galera. Era o papa.
Legal. Fui a Roma e vi o papa. Como eu nao esperava por isso nao estava com a camera pronta. So consegui fotografar o carro depois que o papa ja tinha saido do meu campo de visao.

O papa ta naquele carro preto

Fui pra catedral. Na entrada, guardas com detectores de metal fuçavam nas pessoas atras de coisas que poderiam ser mortiferas para o papa, mas se esqueceram de mim. Tambem nao ia fazer muita diferença. Lá dentro estava abarrotado de gente. A multidao e os enormes pilares bloqueavam totalmente o campo de visao. Fotografei a hora em que o papa entrou e o resultado é esse abaixo:

Esse de amarelo deve ser o papa

Eu já não aguentava mais ficar em pé, abri caminho em meio ao povo e voltei pro albergue. Depois de 50 horas eu finalmente estava em uma cama de novo.

Mais tarde posto sobre o segundo e terceiro dia.

5 comentários:

  1. Tinha pizza de frango com catupiry e borda recheada?

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  2. muito bem, una foto, una legenda! Aproveita!

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  3. Claro meu, ta certo vc, demora 3 anos pra escrever o treco e escreve um post de 40km que eu obviamente nao vou ler.

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  4. Duas fotos do coliseu? TA DE SACANAGEM

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