quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dia 3 - Cinque Terre

Terceiro dia da viagem, hora de por os pés na estrada de novo rumo ao próximo destino: Cinque Terre

Como o próprio nome sugere, Cinque terre (ou 5terre) é o conjunto de 5 vilarejos nas encostas rochosas à beira do mar da Ligúria. Ao longo dos séculos a população foi construindo pequenos prediozinhos coloridos ao longo da costa, formando uma combinação muito bonita de paisagem natural e intervenção humana. Lembra um pouco os morros cariocas, inclusive,

O grande barato do lugar é fazer a trilha que liga os vilarejos. Como tudo aquilo foi construindo em meio a um monte de montanhas rochosas, a trilha vai costeando o mar bem na beirada dos precipicios. A vista é linda. Além disso, toda a região é repleta de vinhas, de onde é produzido o vinho Cinque Terre.

Manarola, um dos vilarejos



Logo de manhã fui pra estação central de Milão pegar o trem. Eu tinha comprado minha passagem com antecdência pela internet. Só que era uma passagem bem estranha. Da outra vez que eu comprei pela internet, tinha que chegar na estação com o seu código e imprimir o bilhete na máquina self service. Só que agora não tinha nada disso.

Teoricamente era só imprimir o bilhete em casa mesmo. Pois bem, fui pro trem, me ajeitei na poltrona e fui curtindo a paisagem. Logo o trem chega na costa e faz a maior parte do trajeto beirando o Mediterrâneo.

Lá pelas tantas aparece no vagão um senhorzinho de quepe e camisa branca com o logotipo da Trenitalia. Era o inspetor de bilhetes. Ele começa a checar as passagens de todo mundo. Quando chegou na minha vez, entreguei o bilhete e ele fez uma cara óbvia de quem nunca tinha visto aquilo na vida.

Ferrou. Pensei comigo. Esse cara vai me encher o saco.


Ele olha o bilete, digite um monte de coisas na maquinha que tem pendurada no pescoço, lê o bilhete de cabo a rabo, vira do avesso e por aí afora. Sempre com cara de confusão. Ficou uns 2 minutos naquela agonia até que ele desiste de tentar entender o que está acontecendo, me entrega de volta o bilhete e vai embora.

Depois de uma rápida troca de trens em Sestri Levante, finalmente desembarco em Manarola, a segunda das Cinque Terre.



Manarola à tardinha




Boto meu mochilão nas costas e começo a seguir as instruções para chegar até o albergue. Mas pra chegar nele tinha que praticamente ESCALAR a montanha. O que eu nao sabia, e tinha acabado de descobrir, é que Manarola é um MORRO. E o albergue fica BEM LÁ EM CIMA. Vocês nao imaginam como doem os ombros de um pobre mochileiro tendo que carregar 15kg de tralhas montanha acima.

Larguei os estrofegos todos lá no locker e fui começar a fazer a trilha. Como já era meio tarde, naquele dia só iriia dar tempo de fazer o trajeto entre Manarola e Riomaggiore. Esse é o trecho mais fácil e curto de toda a trilha e é conhecedo pelo nome de Via dell`Amore.

A Via dell`Amore




Não precisa explicar muito o porquê do nome, correto? A trilha é repleta de cadeados que os casais vão colocando por ali. Segundo a lenda, o casal que prender o cadeado na Via dell`Amore faz com que o amor deles dure pra sempre. Ó, que romântico...

Cadeados que o povo prede na Via dell`Amore


Os bonequinhos apaixonados, símbolos da via



Recados que a galera escreve na parede da trilha





A paisagem da trilha é bem bonita. E como aquele lado da costa italiana fica voltada pro oeste, o pôr-do-sol visto da trilha é espetacular.

Paisagem vista da trilha



Pôr-do-sol





Caminhei pela trilha até Riomaggiore, a primeira das Cinque Terre.

Riomaggiore

Riomaggiore vista do alto da colina




Dei uma volta pela cidade e o sol estava infernal. Só que nem Manarola e nem Riomaggiore possuem praias. Como eu disse, foi tudo construído à beira do precipicio de montanhas rochosas. Então só tem um monte de piscinas naturais onde as pessoas tomam banho, Alguns mais doidos mergulham de cima dos precipicios mesmo.

Como eu não sei nadar direito, o meu critério para saber se eu podia tomar banho ali era o seguinte: se tem criança mergulhando eu posso. Se não tem, esquece. Obviamente não tinha. Fiquei observando as pessoas pra constatar que se eu entrasse ali era morte certa. Era praticamente mar aberto. Bastava andar 15 cm pra ficar todo submerso.


Povo nadando em Manarola... se eu tivesse entrado aí não estaria fazendo blogue agora...





Deixei a praia pra outro dia e voltei pro albergue pra tomar banho. Esse albergue, aliás, era MUITO bom. Limpo, organizado, com uma vista bem bonita da janela e ainda tinha um restaurante bacana E BARATO. Só que o chuveiro deles era algo bem estranho.

Olha, posso dizer que já fiquei em albergues bem esquisitos. Em Paris, por exemplo, o chuveiro tinha um sistema igual aqueles de lavatório de banheiro. Você aperta o botão pra sair a água e ela para depois de 30 segundos. Tinha que se ensaboar com uma mão e ficar apertando o botão com a outra. Uma tristeza... Só que nesse albergue na Cinque Terre era diferente.

Todo dia eles te dão uma moeda que te dá direito a 5 (CINCO!) minutos de chuveiro.

Segundo eles, é pra economizar água, viva a ecologia, bla bla bla. Só que se fosse pra economizar água pelo menos que não fossem cinco minutos corridos... e o pior, o troço de por as moedas fica FORA do banheiro. E assim que você põe a moeda o tempo começa a contar. Bizarro. Tem que por a moeda e sair correndo (a não ser que você não ligue de ficar despido no corredor). Depois disso claro que a água começa a cair pelando e lá se vão mais alguns preciosos minutos pra ajustar a temperatura. No final só restam mesmo uns 3 minutos úteis de banho. Ah... e não tem nada que te diga o tempo que falta e nem se já esta acabando. Se os teus cinco minutos forem embora e você estiver todo ensaboado, já era...

O chuveiro com seu sistema de moedas terrível





Aí veio a melhor parte. Hora de comer. A região da Ligúria é de onde se originou o pesto., Então praticamente tudo o que você for comer na 5terre tem pesto. Macarrão com pesto, peixe com pesto, sorvete com pesto, etc. Pro primeiro dia resolvi experimentar a lasanha com pesto.

Minha genial lasanha com pesto sob o escaldante sol da 5terre




Depois de caminhar um pouco pela cidade à noite, fui dormir porque no outro dia eu teria que encarar a parte terrível da trilha.


GALERIA DE FOTOS


A Via dell`Amore vista do mar

Mais cadeados

Outro ângulo dos bonequinhos

Mais recadinhos

Manarola à noite

Manarola

Riomaggiore

Ruazinha de Riomaggiore





Mais Riomaggiore, o primeiros dos vilarejos...

...onde provavelmente estava tendo festa junina

2 comentários: