quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dia 5 - Cinque Terre

Finalmente tinha chegado o temível dia de encarar o trecho mais difícil da trilha. O trajeto entre Vernazza e Monterosso. Logo na entrada tem um aviso dizendo pra fazer esse trecho bem de manhãzinha ou no final da tarde, por causa do calor. Como eu tinha levantado tarde, comecei a trilha quase meio dia. E já que tinha ido até ali resolvi seguir em frente... grande erro.

Subindo a montanha sem fazer manha

Aí dá pra ver o tanto que tive de subir... pra depois descer de novo, pq Monterosso é lááá embaixo

Bom, pra não dizerem que nao coloco foto minha...



Logo no começo tem que escalar o morro todo. E nessa eu ferrei completamente o meu joelho. Neste momento subir qualquer escada pra mim resulta numa dor terrível. Só consigo descer do trem parecendo um velho de 120 anos. Mas tudo bem... continuando a falar da trilha:


Trecho entre Vernazza e Monterosso


Vernazza ficando pra trás

As vinhas...

E as uvas



Apesar de ser o trecho mais difícil, é o que tem a vista mais bonita também. A trilha vai ora a beira do mar, ora em meio às vinhas. Depois de muito tempo cheguei em Monterosso, o último e maior dos vilarejos. E o único que tem praia de verdade, com areia e guarda-sol.

Chegando em Monterosso

A praia


Monterosso do alto da cidade





Claro que eu nunca ia ter condições de voltar aquilo tudo a pé. Peguei o barco e atravessei todos os vilarejos, até Riomaggiore de novo.

Como ainda não tinha almoçado, fui procurar um restaurante. Olhando os menus nas portas, me deparei com esse prato:

Sabe Deus o que é isso...



Nove euros? Hmmm, parece chamativo. Mas what the hell é "Red Mullets", pensei eu, do alto da minha ignorância. Bom, mullet que eu saiba, é o cabelo do MacGyver.



ISSO É UM MULLET!




Dominado pela curiosidade, entrei no restaurante e solicitei aquilo que deveria ser meu delicioso espaguete com red mullets. Enquanto esperava fui elucubrando acerca do que seria o misterioso prato que logo chegaria à minha mesa.



E o prato nunca que chegava... jamais havia esperado tanto em um restaurante na Itália. Seja lá o que for esse tal de Red Mullet deve ser demorado de fazer. Mas eis que finalmente o carinha me traz o meu prato.




Eis o mullet... até que não estava mau



Depois de comer já estava quase na hora do pôr-do-sol e tive uma ideia brilhante: E se eu voltasse praquele cemitério com a vista linda no alto da colina de Vernazza pra fazer uma foto da cidade à noite????

Ótima ideia! Respondi pra mim mesmo, e rumei para o cemitério. Subi toda a colina, adentrei o recinto sepulcral e fiquei ouvindo música enquanto esperava que a noite chegasse para que eu pudesse fazer a minha sonhada foto.

Esqueçam a Via dell'Amore... pôr-do-sol romântico memso é no cemitério




Esperei bastante, por sinal. Nessa época do ano anoitece bem tarde por aqui. Só ficou bem escuro mesmo lá pelas 10 da noite.

Tanto trabalho pra isso??



Lá estava eu, todo contente por ter feito a foto. Então me viro pra trás, pra ir embora, e me lembro de um detalhe quase irrelevante: eu estava em um cemitério no meio do nada. Sozinho. De noite.


Mamãe sou gótico




Peguei as minhas coisas apressadamente querendo sair dali o mais rápido possível. Mesmo sendo o cabra mais macho que já escreveu nesse blogue, confesso que foi me dando aflição enquanto eu andava pelas ruazinhas do cemitério naquele breu danado em meio àquelas estátuas assustadoras. O único som audível era dos insetos no meio do mato e o grunhido de algumas aves noturnas.


Tenho certeza de que vi essa estátua piscando o olho




Eu apertava o passo pra tentar sair daquele lugar o mais rápido possível, mas cadê que eu lembrava o caminho? Finalmente, depois de um tempo, avistei o portao do cemitério. Dei um suspiro de alívio e caminhei em direção a ele para sair logo dquele lugar tenebroso.

Mas eis que quando eu chego até o portão acontece algo terrível:


Óbvio! Evidente! Enquanto eu estava distraidamente ouvindo música e esperando a noite chegar, o horário de funcionamento do cemitério tinha acabado há séculos e o portão estava trancado.

Tentei de todos os meios abrir aquilo mas foi inutil. Era oficial: eu estava trancado, sozinho, à noite, em um cemitério totalmente isolado no alto da colina de um vilarejo italiano.

FIM

Um comentário:

  1. AAaaaaah, maldito, isso é teaser pra nos deixar com vontade de ler mais...

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