segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dia 18 - NY

Essas férias fizeram com que eu me desligasse bastante do mundo noticioso. Eu não tinha muito acesso a jornais e a TV, então estava BEM desinformado. Por que estou contando isso? Bom, simplesmente por que desembarquei nos EUA bem no meio do tal surto de gripe suina sem saber de nada. Aliás, a você que lê isso aqui e terá contato comigo em breve, desejo boa sorte ;)

Agora vou recapitular como foi o dia:

Ainda em Roma, levantei umas 5 da manhã pra ter tempo de chegar ao aeroporto com antecedência, já que meu voo estava marcado para as 9hs. Era o inicio do dia mais longo de toda a minha vida. Uso o termo "dia" aqui no que se refere à luz do sol. Quando saí do hotel ja estava bem claro em Roma, e assim permaneceria (pra mim) pelas próximas 20 horas. Explico: Decolei de Roma às 9 da manhã para um voo de 9 horas e cheguei em NY às 13hs. Só aí já ganhei 5 horas de luz de sol.

O voo não foi dos mais tranquilos. Já tava tudo dificil desde o aeroporto. Como muitos sabem, embarcar pros EUA sempre é uma chatice e antes do check in o passageiro tem que conversar com um agente de segurança da companhia e responder perguntas do tipo: "Quem arrumou suas malas?", "Em algum momento você deixou sua bagagem sozinha?", "Você acha que algum membro da sua família pode ter, secretamente, introduzido uma bomba nuclear na sua mala de modo que você a levasse inadvertidamente aos EUA?". Entre outras perguntas do gênero. Eu admito que minha pronúncia da lingua inglesa é horrível e tal, mas tive que falar "eighteen" pelo menos umas vinte vezes até moçoila da segurança entender quantos dias eu tinha ficado na Europa. Tudo isso obviamente sob os olhares raivosos da fila que se alongava por conta do ouvido sujo da mulher.

Dentro do avião não foi muito melhor. Do meu lado esava sentado um garotinho de uns 6 anos que me acertava uma cotovelada religiosamente a cada 18 minutos. Toda vez que eu ia pegar no sono, PAFT! Lá vinha uma cotovelada. Depois ele resolveu jogar Nintendo DS sem fones de ouvidos. Isso tudo aliado ao banco cretino da classe econômica anularam quaisquer chances de eu dormir. Mas crianças são demais e logo virei amigo dele, principalmente depois que vi a alegria dele pelo simples fato de ter descoberto como acender a luz de leitura. Aquele tipo de alegria que vem de uma coisa tão simples e que só uma criança é capaz de sentir. Ele me cutucou, abriu um sorrizão e me ensinou (por gestos, já que ele só fala italiano) como fazia pra acender a minha também.

Eu tinha muito a aprender com o moleque, principalmente no que diz respeito à coordenação motora. Enquanto ele conseguiu comer direitinho toda a Lasanha dele, eu fiz uma meleca na mesinha do avião e ainda derramei molho na camisa.

Chuva na hora da decolagem sempre deixa todo mundo com medo. Menos eu, é claro =P



Ah, nesse voo também enfrentei a pior turbulência que já testemunhei em um avião. O bicho chacoalhava de uma forma que eu nunca tinha visto antes, alem de perder e ganhar altitude em frações de segundos. A tensão era nitida no ar e a cada sacolejo mais violento eu via as pessoas segurando com mais força no banco e suspirando nervosamente. Mas graças a Deus chegamos vivos a Nova York.

NY: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

A primeira coisa que me chamou a atenção quando cheguei a NY foi a onipresença da lingua espanhola. Eu já tinha percebido isso quando passei pelos EUA em trânsito pra Italia, mas agora eu tinha mais tempo pra prestar atenção. É praticamente impossível ir em algum lugar sem encontrar pelo menos um atendente de origem latina. Arrisco dizer que eu ouvia tanto espanhol quanto inglês em todo lugar por onde passava.

A segunda coisa é a separação etnica bem mais marcante que no Brasil. Isso ficou bastante claro logo no segundo dia, quando fui ao Museu de História Natural. Estava lotado de excursões escolares, e cada colégio tinha sua própria fila. Causou-me espécie perceber que em filas de negros, praticamente só havia negros. E na fila de brancos, só brancos. Nada de mistura, nada de meio termo. E não era caso isolado, não. A mesma história se repetiu em todos os lugares onde eu vi esse tipo excursão.

Essa separação está em todo canto, mesmo durante vida adulta. Dificilmente vi algum grupo composto por pessoas de etnias diferentes. Até no modo de se vestir, falar e andar essa separação se reflete. Pra ser negão em NY não basta apenas ser negão. Tem que falar como negão, andar como negão, se vestir como negão e agir como negão. Enquanto os brancos se vestem de forma completamente diferente e até compram suas roupas em lugares diferentes.

A terceira coisa que mais me chamou a atenção? Bom, eu estava em NY! Passei praticamente a vida inteira vendo aquilo no cinema. Tudo me parecia tão familiar que simplesmente não caía a ficha de que eu estava lá.

Posso dizer que NY foi o ápice da viagem. O lugar que mais gostei, mais me emocionei e mais curti estar.

RESUMO DO DIA

Como já disse, cheguei as 13hs no aeroporto. Mais uma vez passei pela imigração e, sinceramente, não notei muita diferença entre o tratamento que recebi e o que os italianos que estavam no voo receberam. E dessa vez não vi ninguém sendo mandado pra salinha.

O aeroporto onde desci (Newark), dispõe de um trem pra levar os passageiros até Manhattan por US$ 15. Pra quem estava sozinho, como eu, vale a pena. O trem leva até a Penn Station, na Midtown. Seguindo minha política monetária, fui a pé até o hotel. Mais ou menos meia hora de caminhada.

Esse hotel que fiquei em NY é um troço que, sinceramamente, não sei descrever muito bem em palavras. Eu tinha lido coisas horrendas sobre ele nos reviews da internet. Gente que não entendia como a vigilância sanitária deixava aquilo funcionar. Tinha até foto dos insetos que habitariam as camas do hotel e devorariam as pessoas vivas. Mas o conceito deles é o seguinte: normalmente em um albergue convencional você fica em um quarto com várias camas e a galera toda divide o ambiente, certo? Nesse albergue em NY eles quiseram inovar e colocaram uma espécie de divsória nas camas. Então cada pessoa tem direito ao seu próprio cubículo, com mais privacidade, segurança, etc. Pra mim tava perfeito. Pelo preço que paguei, então, era uma ótima relação custo beneficio.



Corredor do albergue, com as portas dos cubículos

O cubiculo... mas o meu tinha o dobro do tamanho =D


Foi então que, pela primeira vez na viagem toda, ser brasileiro me serviu de algo. O cara da recepção do hotel era simplesmente apaixonado pelo nosso país, lingua e cultura. Rasgou elogios dizendo que somos o povo mais feliz do mundo e que vivemos sorrindo. Disse que nossa lingua é linda e que o sonho dele e aprende-la, enalteceu a nossa mulherada, etc. Resumindo: ele me deu um quarto que tem o dobro do tamanho dos outros. Ta vendo aquele cubiculo da foto ali em cima? Então, o meu tinha era o dobro do tamanho. Mesmo assim continuava apertado, mas de qualquer forma eu estava no lucro

A vizinhança era um caso a parte. Brigas, discussões, xingamentos e outras coisas do gênero. Sabe o filme "Big - Quero ser grande", com o Tom Hanks? O local era exatamente do mesmo naipe daquele hotel em que ele fica no filme.

Apesar disso tudo a localização era ótima. Perto do Downtown, da Midtown, com metrô na esquina. Se eu tivesse que voltar a NY ficaria lá de novo sem problemas.

Deixei as coisas no hotel e fui dar uma volta pelas redondezas. Desci até o Battery Park, de onde dá pra avistar a Estátua da Liberdade e fiquei esperando pelo por do sol. Meu relógio biológico ainda estava no horário de Roma, portanto pra mim já eram duas da manhã. Ignorei o jetlag e fui comer o meu Big Mac pra cumprir a meta de experimentar o McDonald's de todos os países. Aliás, nos EUA eu finalmente tive a chance de pedir um quarteirão com queijo no único idioma em que o nome do lanche faz sentido... e o mais legal é que eles têm o DOUBLE QUARTER POUNDER WITH CHEESE. VOcês têm ideia do que eh isso? Cara, eu comia, comia, comia e nunca que acabava o lanche, é absurdamente enorme.


Bom, depois disso tudo já não aguentava mais de cansaço e fui dormir.


A baía de NY, vista do Battery Park

A estátua, láááá no fundo (à esquerda)

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