segunda-feira, 25 de maio de 2009

DIA 24 - NY, a partida

Escaldado com a lição do dia anterior, fui pro aeroporto 6 horas antes do voo. Ah, e eu também deixei a pão-durice de lado pela primeira vez na viagem e fui incrivelmente recompensado por isso!

Assim, digamos que dar gorjeta não é uma das minhas qualidades mais visiveis. Poxa vida! Eu, um trabalhador assalariado proveniente do terceiro mundo, mochilando em países absurdamente caros e economizando cada centavo, ainda tinha que dar gorjeta praqueles caras todos que ganham em EUROS e DÓLARES e ainda trabalham em lugares turísticos lindíssimos? É óbvio que eles ganham bem mais que eu, e o certo seria eles darem gorjeta aos pobres visitantes terceiro mundistas e não o contrário... =P

Tá... tá... tô exagerando um pouco. Até que eu dava gorjeta às vezes...

Mas o caso foi o seguinte: Saí do albergue e fiquei lá naquela aventura que é conseguir um táxi em NY. Dei sinal quase uma dúzia de vezes e fui ignorado em todas. Lá pelo décimo táxi que passava finalmente consegui fazer com que ele parasse pra mim. Tive que botar toda aquela malaiada sozinho no porta-malas pq o carinha não se deu ao trabalho de ajudar. Mas beleza, eu ia pagar pela corrida e não por um carregador de malas, então ele estava no direito dele. E eu, logicamente, estava no meu direito de não dar gorjeta.

Não trocamos uma palavra durante o trajeto, e cara ainda me deixou no pior lugar possível pra descer de um táxi quando se está com trocentos kg de malas. Era tipo do outro lado da entrada principal da estação. E nesse caso não havia nem escada rolante e ainda era longe pra burro do lugar onde eu deveria pegar o trem.

Olho no taxímetro e vejo que a corrida havia dado 8 dólares. Enfio a mão no bolso, tiro uma nota de 20 e entrego pro cara. Eis que então aconteceu algo inesperado. Enquanto aguardava o troco, fui tomado por um arroubo de generosidade e falei pro taxista: opa, pode me devolver só 10 dólares ^^

Ele sorriu, extremamente feliz, e me disse: "thanx a lot, man!". Desci do taxi, peguei minhas coisas e fui em direção à estação. Pouco depois começo a ouvir gritos, que vão se tornando mais altos a cada repetição:

-HEY, MAN, HEY

olho pra trás e vejo o cara do táxi me chamando de volta

- Você deixou cair seu dinheiro no táxi!!! (tecla SAP acionada)

Volto lá e encontro mais ou menos uns 60 dólares que eu tinha deixado cair do bolso quando fui pegar o dinheiro pra pagar o cara. Um prejuízo considerável. E pior, era todo o dinheiro que eu tinha, e com o qual eu iria comprar o bilhete do trem até o aeroporto.

Teria eu tomado um baita preju se tivesse deixado a pão-durice falar mais alto? Prefiro acreditar que não, maaaaaaaas.....

Já na estação, bem mais experiente, nem precisei de orientações pra achar o trem e logo cheguei ao aeroporto. Fiz os check in das malas e fui, pela enésima vez, passar pela segurança pra ir pra sala de embarque. Eu tinha despachado um Xbox junto com as malas e estava carregando o outro com a mão. Botei tudo no Raio-X e passei pelo detector de metais achando que estava tudo bem se eu pegasse minhas coisas de volta do outro lado. Mas o guardinha achou que não estava. Ele pegou meu X-box, ABRIU A CAIXA, TIROU TUDO DO LUGAR, examinou, examinou, e quando viu que eu não estava carregando nenhuma bomba dentro do videogame, disse: "you are good". E, obviamente, largou tudo lá desmontado pra eu arrumar. E se tem uma coisa que todo mundo sabe é que é IMPOSSÌVEL arrumar as coisas de novo do mesmo jeito que o fabricante pôs. Fiquei um tempão montando aquele quebra-cabeças e tudo o que consegui foi fazer com que a caixa se fechasse de forma minimamente aceitável.

Embarquei e logo estava em Houston, onde faria minha conexão pra São Paulo. Houston é o epicentro da gripe suína nos EUA, e era bem fácil perceber isso logo que desembarquei. Diferentemente de NY, havia muita gente com máscara (principalmente crianças). Evitei até espirrar pra não correr o risco de ser detido pra exames e atrasar minha volta

Quando cheguei na fila de embarque do voo pra SP comecei a ter a sensação de que eu estava realmente voltando pra casa. Pela primeira vez em quase um mês eu podia ouvir apenas conversas em português. Ah, é impressionante como absolutamente TODO MUNDO na fila de embarque tinha tênis novos. Me senti um ET por ser absolutamente o único com tênis velho ali. Não estou falando de tênis com pouco tempo de uso, não. Ê aquele brilho que só um tênis recém saído da caixa pode ter.

O voo não foi dos mais confortáveis. A dor lombar que aquela poltrona me causa não me permitiu dormir. E tem mais uma coisa. Como meu voo foi remarcado de última hora, eu só consegui lugar na poltrona do meio. É justamente o pior assento que existe, pq você não tem nem a visão da janela e nem o conforto de estar no corredor. Pelo menos isso fez com que eu não tivesse alternativa a não ser assistir a um dos filmes da telinha de LCD. No caso, assisti ao "Corajoso Ratinho Despereaux". Obviamente eu era o único adulto sintonizado no canal infantil. Mas os outros filmes eram tão chatos que nem me lembro o nome...

Entre uma tentativa de dormir e outra, o tempo passou e logo eu já estava sobrevoando céus brasileiros. Era oficial, a viagem estava chegando ao fim.

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